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Foto do escritorSabrina Spinelli

Fui ao Freeride World Qualifier na Patagonia


No passado, ainda durante a minha adolescência, participei em alguns campeonatos locais de freeride na Patagonia e fiquei com o desejo de me colocar à prova num campeonato de maior exigência técnica e mental.


As competições do FWT e FWTQ são realizadas ao redor do globo, geralmente em montanhas dos Estados Unidos, França, Suiça, Japão, Nova Zelandia, Andorra, Austria.


Freeride World Tour FTW é a organização que gere o maior circuito profissional de freeride que existe actualmente a nível mundial. O Freeride World Tour Qualifier (FWTQ) é realizado em formato aberto e é a porta de entrada para os skiers e snowboarders que desejam fazer carreira e lutar pelos pontos e dinheiro do circuito profissional de freeride.


Este ano, finalmente, o circuito mundial FWTQ desceu à América do Sul, com etapas no Chile e Argentina e uma das etapas foi realizada na minha própria aldeia, Villa la Angostura. Obviamente, eu não podia deixar passar a oportunidade de realizar este sonho de juventude.


Este texto é um relato da minha experiência pessoal num dia especial.

Na zona de saída dos primeiros canais a neve estava bastante dura e imperfeita. Foto: Santi Arévalo Rider: Sabri Spinelli


Os campeonatos de Freeride do FWT e FWTQ, são realizados num formato que passo a explicar.

Cada campeonato começa com uma inspeção visual da encosta onde se realiza a competição e cada participante tem direito a apenas uma descida.

Cada rider tem liberdade total para escolher a linha, as curvas, a velocidade, os drops e as manobras que quiser fazer.

Não há medição de tempo nem velocidade.

O vencedor é determinado por um painel de juizes que avaliam e atribuem pontuação em 5 categorias: Dificuldade da linha, controlo , fluidez, estilo e técnica.


Curvas para quê? "prego a fundo" que a fluidez também conta. Foto: Santi Arévalo Rider: Sabri Spinelli


A escolha da linha da descida é um dos factores tidos em conta na atribuição da pontuação.

As linhas mais técnicas, como canais estreitos e de difícil "navegação" são muito valorizadas pelo grupo de juizes. Rider: Sabri Spinelli


No día anterior à competição, tivemos a oportunidade de fazer a inspeção do terreno de competição.

Esta encosta, dentro da estância Cerro Bayo, fica numa zona denominada Provinciales e tem uma vista fabulosa sobre a estância, o lago Nahuel Huapi, Villa La Angostura e de muitas montanhas da Patagonia.

Nestes dias de inspeção não é permitido esquiar nas areas mais tecnicas da zona de competição.

Deste modo, a neve fica preservada e os competidores partem para a descida em pé de igualdade, sem ter experimentado a sua linha nos dias anteriores.


Vista da area de competição, por baixo da telecabine Jean Pierre e vista sobre o lago Nahuel Huapi


As primeiras duas competições foram realizadas no Chile, mas esta etapa foi a mais concorrida dos 4 eventos sul americanos.

O nível dos participantes, provenientes da Argentina, Chile, Italia e Espanha, foi muito elevado.

Foram feitas algumas linhas de descida que nós, os locais, ainda não tínhamos explorado e o evento foi uma fonte de inspiração para todos os participantes, riders locais e a nova geração de skiers e snowboarders de Villa La Angostura.

O grupo das girls.

Não se deixem enganar pelos sorrisos bonitos, na hora das descidas, elas são uns "bichos bravos com uma faca nos dentes"


A competição correu muito bem, a neve estava dura, já não nevava há vários dias, mas a motivação de esquiar com riders de grande nível, ainda por cima "em casa", fez com que tivesse a ousadia de esquiar uma linha que ainda não tinha feito.


É díficil descer com fuidez e à vontade por entre pedras e drops numa linha que não se conhece. Como só tinha esquiado 4 dias antes da competição (vinha da praia de Portugal), confesso que não estava totalmente à vontade, mas fiquei satisfeita com a minha linha, com a minha descida e ainda consegui ficar no 8º lugar.


O ski feminino foi ganho pela Manuela Roncallo de Bariloche e o prémio do

ski masculino foi ganho pelo nosso amigo Dante Ginaca, de Villa La Angostura.


El Pequeño Dante. É pequeno em estatura, mas gigante na técnica, atitude e coragem. Ficou com "caneco" em Villa La Angostura.

Foto: Sabri Spinelli Rider: Dante Ginaca


Depois do fim da competição, não podia faltar carne na parrilla, choripanes, cerveza, musica, fernet e um grande convívio para reencontrar velhos amigos e celebrar um maravilhoso dia de esqui na estância onde calcei os esquis pela primeira vez.

Foi também nesta montanha que conheci muita gente e evolui neste desporto maravilhoso, que se transformou na minha grande paixão, trabalho e estilo de vida.

Un aplauso para el asador.


Com a minha amiga de infância Delfi Bernachi a relembrar grandes dias de ski.


Termino com a minha primeira fotografia de ski. Numa época em que os capacetes eram dispensáveis e o Clube Andino de Villa La Angostura CAVLA era a minha segunda casa.


Sabrina Spinelli

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